A liderança indígena do povo Ashaninka do Acre, Francisco Piyãko, denunciou o desmatamento na Amazônia e os ataques sofridos pelas populações originárias, durante sua fala no Webinar – “Direitos à terra, biodiversidade e saúde global: como os povos indígenas podem ajudar a prevenir futuras pandemias?”.
A videoconferência compõe a série “Diálogos sobre a Terra”, promovida por Tenure Facility, Land Portal, Ford Foundation e Thomson Reuters Foundation, que alerta para a importância de reconhecer a propriedade legal dos direitos à terra dos povos indígenas e comunidades locais como pré-requisito para atingir as metas nacionais e internacionais de governança florestal, segurança alimentar, mitigação do clima, desenvolvimento econômico e direitos humanos.
“Nós, povos indígenas, estamos lidando com uma outra situação que não é a pandemia, mas falta de compromisso e estratégia do Estado para defender os povos indígenas. Além da pandemia, estamos enfrentando um sério ataque à Amazônia, um grau de desmatamento assustador. E nós estamos trabalhando duro para combater essas duas violências”, denunciou Piyãko.
O líder Ashaninka chamou atenção para os impactos que o desmatamento causam na segurança sanitária e prevenção de doenças. “Dentro da floresta, estamos bem protegidos. À medida que os nossos rios e a floresta são alterados, nós ficamos mais vulneráveis. Nosso grande desafio é luta pelo direito à terra e preservação da biodiversidade. Conquistas de outros tempos que, hoje, estão ameaçadas, pois temos um Estado que não trabalha para assegurar isso, violando os nossos direitos. A floresta é a nossa casa”, endossou.
Em sua participação, Francisco também falou da importância de se fomentar uma cadeia econômica de produtos sustentáveis ao mesmo tempo em que se implantam leis mais rígidas de fiscalização de produtos ilegais ou derivados de ataques à Amazônia. Pontuou ainda que esses produtos ilegais são vendidos livremente em diversos países, o que contribui ainda mais para o crime do desmatamento.
“Ainda temos um mercado grande de produtos brasileiros que não respeitam a legislação ambiental e não respeitam os direitos dos povos indígenas, que estão no mercado, no mundo todo. E acredito ser possível adotar uma estratégia que dificulte essa comercialização. Pois, não adianta cobrar do Brasil e comprar produto ilegal”, pontuou.
O Webinar – “Direitos à terra, biodiversidade e saúde global: como os povos indígenas podem ajudar a prevenir futuras pandemias?” foi mediado por Jonathan Watts, editor de Meio Ambiente do jornal The Guardian e contou com a participação de lideranças, cientistas e especialistas do mundo todo. Assista: