Aldeia Apiwtxa, 22 de setembro de 2007.
Amigos,
Saí da nossa aldeia dia 17 de setembro com outros líderes Ashaninka, Wewito, Moisés, David, Valdecir e Sooro, para ver as invasões que estão acontecendo no Igarapé Revoltoso, entre os marcos 42 e 43.
Ficamos nesse local até o dia 19 e retornamos dia 20 para a aldeia. Vimos vários caminhos usados para procurar madeira, ouvimos barulho de motoserra e muitos vestígios de caçada.
Nós não demos continuidade à nossa caminhada para evitar encontrar e evitar um conflito com os madeireiros.
Nós tivemos informações que são pequenos grupos de pessoas que são mandados por grandes empresas para tirar madeira roubada de nossa terra.
O tamanho da área que avançaram com seus caminhos deu para perceber que futuramente a destruição vai ser bem maior.
Estamos planejando uma outra ida, com mais pessoas, para destruir todos os locais e expulsar quem estiver invadindo nossa terra.
Nessa viagem ao Revoltoso, mais uma vez, deu para ver o tamanho da invasão e que já chegaram na antiga destruição feita pelos Cameli, em 1985 e 1987, já entrando em uma área que fica entre o rio Revoltoso e o rio Amoninha.
Até hoje estamos aguardando uma reunião com a SmartWood/Rainforest Alliance, que certificou com o padrão FSC a empresa Forestal Venao, principal responsável pelos desmatamentos ilegais na nossa área.
Queremos falar das invasões da empresa Forestal Venao, que vem invadindo nossa fronteira e nossa terra com máquinas pesadas, derrubando a floresta, retirando a madeira, poluindo nossos rios e igarapés.
Mas nada nos informam sobre a auditoria que a SmartWood faria no lado peruano para investigar as invasões da Forestal Venao. Nem sabemos se a vistoria já foi realizada, de que forma foi feita, qual o cronograma dos deslocamentos, os locais efetivamente visitados e os resultados.
Queremos uma resposta o mais rápido possível a respeito da vinda da equipe da SmartWood responsável pela investigação.
Exigimos ser ouvidos. Queremos uma reunião com a SmartWood, aqui na região, sobre as invasões. Queremos que vejam com os próprios olhos as áreas no Brasil da região de fronteira, dentro da terra Ashaninka, e até mesmo dentro da Reserva Extrativista do Rio Juruá, invadidas pela madeireira peruana Forestal Venao.
E, se vierem, nós mesmos podemos ir junto mostrar onde ficam e como crescem todos os dias as áreas invadidas e a nossa floresta derrubada. Podemos também chamar os amigos da Foz do Breu e da Reserva Extrativista, para que eles mesmos mostrem o estrago que a Forestal Venao vem fazendo nas áreas deles.
Queremos que a SmartWood constate por si mesma as derrubadas de madeira em Território brasileiro pela madeireira peruana Forestal Venao.
Nós sabemos que uma só visita será suficiente para que a SmartWood/Rainforest Alliance cancele imediatamente a certificação florestal que deu à empresa Forestal Venao.
Isaac Piyãko
Líderança do Povo Ashaninka do Rio Amônia
Que horror, até as reservas estão sendo devastadas.
Hoje existe mais certificação que árvore na floresta, ainda se cria mil desculpas para justifica e ficar bonitinho na história vendendo “madeira certificada”. Temos que cobrar de quem oferta essa certificação, cadê o controle? Tudo é tão bonitinho em documentos. Eu quero a floresta viva.