Os Ashaninka do Rio Amônia

 

Por volta de 800 pessoas vivem em nossa terra indígena, que está localizada no rio Amônia, município de Marechal Thaumaturgo, Estado do Acre, Brasil.

 

A Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, como a nossa terra é oficialmente denominada, foi demarcada e homologada em 1992 e abrange 87.205 hectares. Ela faz fronteira com o Peru, com a Reserva Extrativista do Alto Juruá e com a Terra Indígena Arara do Rio Amônia, todos localizados no município de Marechal Thaumaturgo.

 

A maior parte do nosso povo vive no Peru: são mais de cem mil Ashaninka, distribuídos por várias regiões, desde a Selva Central até as cabeceiras do Ucayali. Já no Brasil, por volta de 2.500 Ashaninka vivem em cinco terras indígenas demarcadas e homologadas no Estado do Acre. Nossa família etnolinguística é Aruak.

Final do século XIX

Estabelecimento dos Ashaninka no Rio Amônia.

Década de 1980

Atividades de madeireiros em nossas terras e luta pela terra.
Demarcação do Território

Década de 1990

Libertação dos patrões e fortalecimento da autonomia de nosso povo.

1992

Demarcação de nossa terra.
Autonomia do nosso povo

1992-1995

Planejamento da gestão territorial e ambiental da Terra Indígena e da organização comunitária.

Desde os anos 2000

Consolidação de projetos e parcerias e projeção nacional e internacional.

Nossa história

 

Foi a partir dos anos 80 que começamos a nos organizar como comunidade, em busca do reconhecimento do nosso território e para defender nossos interesses e projetos. Graças ao nosso esforço e com o apoio de vários parceiros – entre eles, indigenistas, antropólogos e ONGs nacionais e internacionais – conquistamos, ao longo das décadas, diversas vitórias, contribuindo ativamente com o desenvolvimento sustentável de nossa comunidade e seu entorno. Com esse objetivo, desenvolvemos estratégias para preservar e valorizar a nossa cultura, lutar pelos nossos direitos e pela proteção do meio ambiente, como a criação da Associação Apiwtxa e da Cooperativa Ayõpare, que cobrem as demandas sociais, econômicas e políticas, funcionando como braços operacionais para administrar os projetos de nossa comunidade.

 

Associação APIWTXA

 

A Associação Ashaninka do Rio Amônia  – Apiwtxa  (termo que significa união) foi criada em 1991 e oficialmente registrada em 1993  ̶  um ano após a demarcação de nossa terra  ̶   como uma estratégia para fortalecer a nossa comunidade. Ela funciona como um braço operacional da comunidade para que possamos administrar nossos projetos e nos articular do ponto de vista social e político.

 

É por meio da Associação Apiwtxa que nós, Ashaninka do rio Amônia, executamos nossos projetos, que visam ao bem-estar de nossa comunidade e das comunidades do entorno da nossa terra.

 

Além de desenvolver nossos projetos, também trabalhamos em conjunto com parceiros de diversas instituições governamentais e não governamentais, nacionais e internacionais. Junto com esses parceiros analisamos e desenvolvemos estratégias para o resgate de áreas degradadas, a proteção da biodiversidade, a difusão de técnicas agroflorestais sustentáveis e a difusão cultural.

 

Visão

 

Servir e cuidar do povo Ashaninka, promovendo a união e seu desenvolvimento sustentável, a partir da proteção da sua história, tradição e saberes.

 

Missão

 

Promover o desenvolvimento sustentável, a união e a qualidade de vida do povo Ashaninka, a partir do conhecimento, do planejamento e de uma estrutura de gestão que fomente ações e iniciativas, que sustentem suas áreas de atuação.

Valores

 

Floresta
Cultura e tradição: língua Ashaninka
Espiritualidade e a nossa ciência
União e organização da família Ashaninka e seus sistema de liderança
Gestão do território Ashaninka
Desenvolvimento sustentável: produção de alimentos

 

As principais áreas de atuação da APIWTXA são:

  • gestão territorial;
  • posicionamento político, visando à defesa dos direitos dos povos indígenas e ao bem-estar da população em geral;
  • desenvolvimento econômico sustentável;
  • proteção do meio ambiente, dentro do conceito de “Floresta em pé”;
  • preservação e valorização da cultura Ashaninka;
  • protagonismo na questão educacional de nossa comunidade, buscando a preservação e valorização dos saberes de nosso povo e o desenvolvimento sustentável;
  • proteção e valorização dos conhecimentos espirituais, mantendo as tradições de nossa cultura.

Cooperativa Ayõpare

 

Foi durante os anos 80, quando lutamos por nossos direitos e a demarcação de nossa terra, que decidimos criar de maneira estratégica a nossa cooperativa. Por meio dela, buscávamos uma fonte de renda que nos tornasse financeiramente independentes dos antigos patrões e das atividades das quais dependíamos para sobreviver, visando, ao mesmo tempo, ao desenvolvimento sustentável de nossa comunidade.

 

A cooperativa recebeu o nome “Ayõpare” que, em nossa língua, significa “troca de produtos”. Este é um processo de extrema importância para nosso povo, nossa cultura e tradições e que espelha a forma tradicional de nos relacionarmos com nossos parceiros. A partir desses princípios e de nossos trabalhos com a cooperativa fortalecemos a produção local, o diálogo intercultural, a aproximação entre os diversos grupos da sociedade e o trabalho em conjunto.

 

A Cooperativa não só nos ajuda a garantir nossa autonomia econômica, mas contribui para a proteção, valorização e reconhecimento de nossa cultura, tradições e valores. A Cooperativa Ayõpare ainda tem um trabalho de articulação com as comunidades do entorno para valorizar os produtos da floresta, dentro do conceito de “Floresta em pé”.