Como parte da sua estratégia de segurança alimentar e organização comunitária, a Apiwtxa está realizando um levantamento dos seus roçados e sistemas agroflorestais (SAFs). A iniciativa está fazendo o registro dos plantios, mensurando sua área e capacidade produtiva, além de trazer um levantamento das espécies plantadas.
“No roçado, temos uma variedade de cultivo muito grande, desde banana, macaxeira e várias outras espécies de batatas e legumes tradicionais do nosso povo. Em nossos SAFs, temos outras variedades de frutíferas, madeiras de lei e outras espécies que são utilizadas na produção de artesanato e em nossa arte”, explica Wewito Piyãko, presidente da Associação Apiwtxa.
Esta ação vai possibilitar que a comunidade tenha registrado e sistematizado o tamanho dos roçados e SAFs, com o que está sendo produzido em cada um. “Realizamos o mapeamento das cadeias produtivas da Aldeia Apiwtxa, visitamos 3 sistemas agroflorestais, denominados Quintais Agroflorestais e 4 roçados. Em cada área fizemos a demarcação da área total com o auxílio de um GPS e quantificamos todas as espécies e variedades existentes nas áreas, assim como o seu uso na comunidade”, explica Larisse Ganda, que realiza o trabalho junto com Sângela Pereira. As duas são engenheiras florestais e mestres em Ciências Florestais, pela Universidade Federal do Acre, Ufac.

Foto: Yara Piyãko
O trabalho contou ainda com o treinamento de membros da comunidade para o uso de ferramentas, além de ter havido também uma troca de conhecimentos entre os agentes agroflorestais da Apiwtxa com as pesquisadoras. “Os agentes agroflorestais Valdecir e Geovani nos acompanharam e nos guiaram em todo o trabalho de campo, além de explicar todas as espécies e os seus usos na cultura Ashaninka. São ótimos profissionais e conhecedores do local”, explicou Larisse.
As informações coletadas servirão de base para diversos outros trabalhos da comunidade, como o projeto que está em construção de uma indústria de frutas e produtos florestais. Além disso, contribuiu na melhor produção de alimentos que são consumidos internamente, como explica Wewito. “Cada família possui o seu plantio e essa produção é pensada para a sustentabilidade da comunidade, e vai ter excedente também para colocarmos no mercado, seja as frutas ou por meio do artesanato e sementes florestais. Parte dessa produção já é colocada também dentro da merenda da Escola Samuel Piyãko, que fica dentro da nossa comunidade”.
A atividade tem apoio do projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde, uma parceria da Apiwtxa com a Conservação Internacional (CI Brasil). O projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde está trabalhando para conservar até 12% da Amazônia (cerca de 73 milhões de hectares) até 2025. Apoiado pelo governo francês, o projeto é uma das prioridades de conservação da Aliança para a Proteção das Florestas Tropicais, uma iniciativa para a proteção, restauração e manejo sustentável das florestas tropicais.
Foto de capa: André Dib