Em encontro realizado entre os dias 22 e 23 de setembro, as comunidades de Sawawo e Apiwtxa reafirmaram o compromisso de fortalecimento e união. Sawawo Hito 40, que fica no Peru, enfrentou, recentemente, a invasão de madeireiros que estavam abrindo a estrada UC-105 em seu território, sem autorização, de forma ilegal e trazendo ameaças para os moradores.
“A Apiwtxa vai contribuir com Sawawo na construção do seu Plano de Gestão e continuar contribuindo no monitoramento do território, além de apoiar a gestão de projetos para fortalecimento institucional e da comunidade. Sawawo está bastante firme na proteção do seu território e vamos continuar juntos, para que eles se fortaleçam ainda mais”, explica Francisco Piyãko, liderança da comunidade Apiwtxa.
O encontro serviu também como um fechamento da reunião que ocorreu com as lideranças indígenas do Juruá, em Puerto Breu, há algumas semanas, com discussão sobre as ameaças que a estrada UC-105 está trazendo, como a invasão do território que já ocorreu no último mês. A Apiwtxa fez a entrega e leitura de mapas do território de Sawawo, para ajudar na fiscalização que a comunidade local realiza constantemente.
Wewito Piyãko, presidente da Associação Apiwtxa, explica que as parcerias entre as duas comunidades já existem há anos e que é um trabalho que continuará por ainda muito tempo. “A gente conversou muito sobre nossas parcerias e o apoio que a Apiwtxa continuará dando para que a comunidade se fortaleça, bem como sua parte institucional como uma organização peruana e nossos vizinhos, irmãos do mesmo povo. O apoio inicialmente está sendo dado com a experiência da Apiwtxa na organização institucional e na gestão de projetos, e juntos vamos construir aquilo que eles querem, algo para o futuro de todos ali”, declarou.

Foto: Yara Piyãko
Luta contra a invasão
A Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa construiu um dossiê para apresentar a ameaça da Estrada Nueva Italia – Puerto Breu, a UC-105, no Peru. A rodovia, que atualmente está sendo reaberta de forma ilegal, corta territórios indígenas e áreas de conservação há menos de 11 km da fronteira com o Brasil, principalmente com a Terra Indígena Kampa do Rio Amaônia, da Aldeia Apiwtxa. A abertura desta estrada ameaça mais de 30 comunidades indígenas do Brasil e Peru, nas regiões do Ucayali, Alto Tamaya e Alto Juruá.
“O impacto dessa estrada será muito grande, com a migração de grupos ao longo desta rodovia, trazendo para próximo da nossa fronteira e para a cabeceira dos nossos rios, extração de madeira ilegal, tráfico de drogas e outras ações ilícitas”, explica Francisco Piyãko.
O documento abre fazendo a denúncia de invasão ao território vizinho da Aldeia, já iniciada com a chegada de máquinas pesadas e veículos de transportes: “No começo de agosto de 2021, o Comitê de Vigilância da Comunidade de Sawawo Hito 40 confirmou à Associação Apiwtxa que a frente de abertura da estrada UC-105 (Nueva Italia-Puerto Breu) já se encontra a aproximadamente 11,3 km da fronteira com o Brasil, às cabeceiras do Rio Amônia, ameaçando inclusive a soberania nacional brasileira. Desde o início de agosto de 2021, o Comitê de Sawawo se encontra em expedição no rio Amônia para verificar as ações ilegais das madeireiras na região e identificar o tamanho do impacto, quantidade de máquinas, qual empresa é responsável e quantos trabalhadores há no local”.