A liderança do povo Ashaninka do Acre, Francisco Piyãko, usou seu espaço de fala na mesa-redonda sobre Bioeconomia para o Brasil e a Amazônia para alertar sobre os perigos que o capitalismo oferece ao meio ambiente e povos tradicionais.
“A Amazônia tem um papel importante para o mundo e vários estudos e pesquisas também comprovam o seu potencial econômico. Mas, não tem nada nesse mundo que vai sobreviver ao sistema capitalista. Não é só a questão de fazer um uso sustentável, mas os limites que são ultrapassados quando algo pode ser transformado em dinheiro”, salienta Piyãko.
Francisco faz um alerta para que o discurso da sustentabilidade não seja apenas mais uma maneira de exploração predatória da Amazônia e do planeta. “A gente corre muito risco, porque nós que estamos na Amazônia sabemos muito pouco sobre o que pensam e debatem sobre nós. Para as populações que aqui vivem, o que importa não é o lucro, mas a preservação dos nossos territórios e biodiversidade que garantem a nossa existência”, observa.
De acordo com a liderança indígena, muitos são os obstáculos que dificultam a preservação da região Amazônica, entre elas, a falta de acesso à informação das populações que nela vivem. “Eu espero que o Fórum Mundial de Bioeconomia, que vai acontecer em Belém, ajude a promover essa reflexão”, endossou.
O debate on-line Bioeconomia para o Brasil e a Amazônia ocorreu no último dia 15 de setembro. Promovida pelo Governo do Pará e pelo Fórum Mundial de Bioeconomia, a mesa-redonda fez parte da programação do Fórum, que será realizado em Belém, em outubro próximo.